É sempre triste o encerramento de uma livraria, de um café…
Com o desaparecimento destes lugares, desaparece mais um pedaço da memória colectiva.
Desaparecem também espaços de convivialidade, de confronto de ideias e de opiniões.
Naquele lugar, tão pequenino e tão cheio de vida, assistiu-se aos mais variados (e inusitados) eventos.
Peças de teatro, projecção de filmes, palestras, apresentação de livros, performances, concertos, exposições…
Faz agora um ano, encerrou, com a “Eterno Retorno” a minha exposição de desenhos/colagem “Não é por não se conhecer o caminho que a viagem não se faz”.
Foi uma exposição, cujos desenhos, através de composições simples efectuadas com recurso a embalagens, cartões ou papeis de embrulho recuperados, procuravam apropriar-se da dignidade interdita às "coisas sem préstimo", integrando-se no espírito do lugar, buscando alimento para o sonho, energia para a viagem.
Foi a última realização da “Eterno Retorno”.
Esse pedaço de memória vai permanecer comigo e com ele o espírito do lugar.
Quero acreditar que sim.