É evidente que o mundo globalizado em que nos encontramos sitiados pelas cada vez mais exacerbadas formas de uniformização não se compadece com romantismos de qualquer espécie. Seja em nome do progresso, do desenvolvimento, da rentabilidade, ou do que quer que seja que se lhe chame, vão desaparecendo alguns produtos que, pelo que se observa, deixaram de ter espaço para existir.
Não que tenham deixado de existir utilizadores, só que estes não perfazem provavelmente o número mínimo necessário para que o produto se continue a fabricar com lucro. É este o acento tónico de toda a questão. Não é lucrativo para a empresa continuar a fabricar o “filme instantâneo”.
Não que tenham deixado de existir utilizadores, só que estes não perfazem provavelmente o número mínimo necessário para que o produto se continue a fabricar com lucro. É este o acento tónico de toda a questão. Não é lucrativo para a empresa continuar a fabricar o “filme instantâneo”.
Não nos podemos alhear que a implantação da fotografia digital aniquilou o “Polaroid”. Com as câmaras digitais de todos os tipos e géneros em que o instante é mais instantâneo do que nunca, para que serve a fotografia Polaroid?
Já nem sequer – conforme me foi dito por um amigo – para as fotografias maliciosas!
Já nem sequer – conforme me foi dito por um amigo – para as fotografias maliciosas!
Os argumentos dos detractores da fotografia Polaroid passam por vertentes tão diversas e disparatados como a falta de fiabilidade nas cores, falta de definição nas imagens, para além da dificuldade de conservação… tudo isto antecedendo o imbatível argumento economicista que elimina qualquer resistência: O preço.
Contudo, subsiste algo de tão indefinível como “uma certa aura” que faz com que – isso eu já vi – apareçam imitações digitais de fotografias Polaroid!
Apropriação? Recriação? Adulteração?
Se calhar um pouco de tudo isso e alguma dose de subversão.
Não sou contra este género de intervenções, antes pelo contrário, considero até que a convivialidade e promiscuidade entre géneros é saudável para as artes e salutar como estímulo criativo. No entanto, lamento que não haja espaço para produtos que propiciam certas formas de expressão artística que só com eles poderiam ter lugar.
Celebrizado nos anos 60 e 70 do século passado por artistas como Andy Warhol, as fotografias instantâneas Polaroid tiveram uma infinidade de utilizadores – fotógrafos como Robert Franck ou Robert Mapplethorp e artistas plásticos como Toto Frima, André Gomes ou o multifacetado Bob Wilson – no mundo da arte, que se manteve até aos dias de hoje.
A roda trituradora do mundo global não é sensível a argumentos que tenham por base formas de estar e sentir no campo artístico. As palavras-chave Produtividade e Lucro sobrepõem-se a quaisquer outras. Daí que se conclua que movimentos simpáticos como os que se batem pela recuperação de espaço para a fotografia Polaroid ou pelo menos para adiar o seu enterro, não se consigam fazer ouvir em Wall Street.
Para quem os quiser conhecer melhor aqui ficam os endereços: http://www.polanoid.nete/ e www.flickr.com/search/groups/?q=polaroid&m=names .
Sem saudosismos e falsas nostalgias, confesso que o filme instantâneo Polaroid é seguramente um dos produtos de que vou sentir a falta.