É impossível falar de lixo sem falar de plástico, até porque, grande parte deste lixo não é bio-degradável.
O plástico (designação lata onde “cabe” um sem-número de matérias diferentes e diversas) é na actualidade, o equivalente às pragas bíblicas. A forma como invadiu as nossas vidas é massiva, contundente e aparentemente inelutável e irreversível.
Se olharmos em volta, verificamos isso mesmo, estejamos onde estivermos, estamos cercados de plásticos! Inclusivamente, em aparelhos vitais para a nossa subsistência e sobrevivência o que é ainda mais dramático, não havendo a este nível muito que se possa fazer para além de tomar posição, erguer a voz, protestar e fazer passar a mensagem no sentido de alertar consciências e tentar – tentar sempre – que uma tomada de consciência colectiva possa fazer inflectir o sentido em que vai avançando a “máquina produtiva”, pressionando a utilização de substancias bio-degradáveis, sem custos para o ambiente.
Podemos assobiar e olhar para o lado como se não fosse nada connosco. Podemos argumentar que temos mais em que pensar e mais com que nos preocuparmos para além desta coisa do ambiente, esquecendo que o ambiente, também somos nós e o nosso comportamento, podendo este ser melhor ou pior, por isso mesmo.
É confortável e alivia a consciência pensar que a responsabilidade cabe aos governos e às instituições e que nós pouco podemos fazer. Para além de ser um conforto pequeno, é também uma grande mentira! Podemos e devemos fazer qualquer coisa, basta querer. Para querer, não é preciso tomar nem atitudes radicais nem fundamentalistas, as nossas atitudes podem ser pequenas mas formativas e pedagógicas.
Neste âmbito, reduzir, reutilizar e reciclar, são as palavras-chave.
Existem algumas superfícies comerciais que instituíram os sacos de compras pagos, sejam eles reutilizáveis ou não. Este pormenor reduziu substancialmente a utilização de sacos de plástico. Já são muitas as pessoas que quando vão às compras levam o seu próprio saco anteriormente adquirido. É assim no “Pingo-Doce”, e é assim no “Mini-Preço” e no “Lidle”, para só citar alguns exemplos de uma atitude louvável.
Como louvável é a atitude dos responsáveis das livrarias "Trama" e "Letra Livre" que não usam sacos de plástico.
Mas há mais que se possa fazer, como seja o recusar – dizendo porquê - sacos inúteis, seja porque já transportamos um saco reutilizável, seja pela sua precaridade qualitativa ou dimensional que nos façam prever que não vai servir para nada. Exemplos? Os sacos pequenos das farmácias, os sacos pequenos da Fnac, entre muitos outros.
Se aceitarmos sacos por não ter como recusar, devemos proceder à sua utilização sucessiva até esgotar as suas possibilidades…
Algo a que é difícil escapar é a proliferação de copos de plástico em bares, cafés e nas máquinas automáticas que pululam um pouco por tudo o que é empresa, escola ou instituição, acompanhadas dos inevitáveis copos e colheres de plástico. Há que pressionar para que seja procurada outra solução para os recipientes que estas máquinas usam.
No caso particular dos espaços de diversão nocturna é compreensível que não haja condições para fornecer recipientes de louça ou vidro e depois proceder à sua recolha e lavagem para reutilização, mas é possível fazer campanha para que um mesmo cliente reutilize o copo onde bebeu a cerveja anterior, se for cerveja o que vai continuar a beber… Quem passar no Bairro Alto a um sábado ou domingo de manhã, poderá aferir aquilo que é dito.
O que já não é compreensível é um espaço que se quer tão sofisticado como a loja Delta do Saldanha, onde tudo é estilizado e fardado a rigor, sirva os cafés (caros) em louça de designer, acompanhada de colheres descartáveis… É degradante, sem ser degradável.
O que aqui se refere, não é publicidade. Os bons e os maus exemplos, devem ser nomeados. Os bons comportamentos devem ser enaltecidos e os maus apontados. Perante eles, cada um agirá segundo a sua consciência.
Todos os cataclismos naturais que se vêm sucedendo, repentinos e atípicos têm a sua origem nas agressões constantes de o planeta é vítima. As recentes enxurradas na Madeira, como as cheias no México, os incêndios na Grécia ou o degelo da Antárctida não são naturais. Essas coisas acontecem motivadas por um comportamento agressivo e desprovido de razão no que toca ao ambiente e ao território.
Toda esta retórica soa como “pregar no deserto” mas se a nossa atitude não mudar, muito mais estará para acontecer ao nível das condições climatéricas e não será seguramente melhor.