"Faço-lhe notar que um ser humano que não sonha é como um corpo que não transpira: armazena uma porção de toxinas"
Truman Capote

5.24.2009

o “meu” cão que nunca tive

(excerto de metanarrativa ficcional)


(…)
- Olha! Agora tens um cão?
- Não, não tenho cão.
- Mas vejo-te com um!?
- Pois…
- Então? Tens cão ou não tens cão?
- Não, não tenho cão.
- Mas passeias um cão!?!
- Por vezes passeio um gato…
- Brincas! Se não tens cão, porque passeias um?
- Porque não é seguro que o cão se passeie a si próprio…
- Porra pá! Não se pode falar contigo.
- Isso não é verdade… se assim fosse esta conversa não estaria a decorrer…
- Conversa, dizes tu… Mas afinal, se o cão não é teu, é de quem?
- Se era apenas isso que te interessava saber, podias ter começado por aí…
- Realmente!? Só mesmo tu… podias ter dito logo de quem era o cão...
- Mas não foi isso que tu perguntaste. Porque haveria de responder a uma pergunta que não fizeste?
- Sei lá… era a coisa mais normal, não?
- Áh! Sim, a normalidade… já cá faltava…
- És impossível… olha, gosto em ver-te.
- Igualmente.
(…)

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