Tanto quanto me apercebo, não haverá grandes comemorações. Existe o hábito (ignoro a razão) de só se comemorarem números redondos e datas pares. Quando tal acontece, parece que se aproveita para colmatar as ausências nas datas intercalares, onde as respectivas comemorações não tiveram lugar. Haja paciência e esperança de vida porque os 121 anos não são para celebrar.
E também sardinha assada e marchas populares. Este ano com a novidade: A Baixa teve uma marcha! Espantoso, não fosse o humor negro subjacente à curiosidade acerca de quem irá desfilar... Casamentos e Santos Populares. Tradições... umas fundamentadas, outras inventadas, elas aí estão.
Pessoa (quase) não.
O poeta ficará para depois. Quando houver tempo ou for preciso, porque não cabe nestes festejos o seu ar sisudo e circunspecto de quem não acha graça a nada nem a coisa nenhuma. Isto de viver e/a sonhar tem destas coisas. Faz cansar, como deixou dito Álvaro de Campos:
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço
Cansaço também porque Fernando António era uma pessoa que não cabia dentro dos estreitos limites de si próprio. Era demasiado para ser um só. Foi vários o suficiente e tão intensamente que se afirmou único. Os muitos heterónimos a que deu vida - muitos mais do que a celebrada "santíssima trindade" - confirmam esse prolixo extravasar.
Ontem foi noite de festa... talvez o Bernardo Soares (o tal que vivia e trabalhava na Rua dos Douradores) tenha saído do seu recolhimento e ido à Avenida espreitar os seus "vizinhos" a desfilar para depois, muito ao seu jeito, se recatar "Na floresta do alheamento".
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