É corrente ouvir-se falar de “falta de homens”…
Isto não é uma metáfora pela simples razão desta manifesta “falta”, não se referir só a homens com H. Homens capazes de enfrentar adversidades, solucionar problemas, pacificar contendas, resolver situações complexas, praticar actos heróicos. Quando se ouve falar em falta de homens com H, a referência são os homens com fibra, homens de antes quebrar do que torcer, de barba rija, onde uma heterossexualidade manifesta (para não dizer outra coisa) é cartão-de-visita. Estes saudosos homens com H, são também invariavelmente homens de outras eras, de elevada tempera, daqueles que já não se fabricam… capazes do melhor e do pior, tanto erguiam impérios como dizimavam nações, sempre em nome de elevados ideais, quando não de desígnios ancestrais, mas isso é outra conversa.
Muito embora possa haver falta destes tais homens (com H), a falta é extensível aos outros (com h). Aquilo de que há – mesmo - efectivamente falta, é de homens em geral.
O cromossoma Y está em franco declínio e comprovada queda. É uma verdade científica asseverada pela geneticista australiana Jennifer Graves, que estudando o assunto verificou também que o dito cromossoma (que determina o sexo masculino nos seres humanos) tinha há 300 milhões de anos 1400 genes, tendo actualmente apenas 45. A verificar-se a continuidade de ritmo da tendência, uns míseros 10 milhões de anos serão suficientes para acabar com eles…
Entre os homens (os tais deficitários e não só numericamente) e eu conheço alguns, o assunto preocupa sobremaneira. Não que os afecte a preservação da espécie mas a proliferação do sexo oposto, por tudo quanto é sítio… “é vê-las em bando nos restaurantes, nos bares, nos cafés, nos cinemas, nos empregos, nas faculdades…”. Por entre insinuações torpes e grosseiras, pior que tudo, será o ter que aceitá-las em cargos de chefia e no desempenho de funções até há bem pouco tempo destinadas aos homens. Aquilo que antes era impensável, agora incomoda…
As mulheres são mais subtis e sofisticadas na observação da situação… confidenciava-me uma amiga a propósito da falta de homens que não há homens interessantes disponíveis, que os homens interessantes que conhece, ou são casados, ou são gays… ou então padres, que é uma forma de não ser nem uma coisa nem outra – em teoria – mantendo a indisponibilidade… Talvez que estes sejam ainda em menor número que os outros, isso não sei avaliar, nem sei que tamanho de h esteja reservado a este tipo de homens, mas suponho que muito pequenino se for efectiva a exiguidade do género…
Com ou sem chauvinismos fingidos ou homofobias acentuadas, com um H destes ou de qualquer outra dimensão, parece que o extermínio está assegurado. A falta vai fazer-se sentir – sejam os homens qualificáveis em interessantes ou desinteressantes - de forma acentuada. Vamos mesmo desaparecer todos…
…e então um mundo novo surgirá!
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