"Faço-lhe notar que um ser humano que não sonha é como um corpo que não transpira: armazena uma porção de toxinas"
Truman Capote

2.10.2006

Sax Appeal Remix



Esta exposição tem como objecto o saxofone, por muitos considerado o instrumento rei no jazz, sendo por assim dizer, uma homenagem.

Partindo desta premissa e apoiado nas sonoridades de um erotismo latente, que saxofonistas como Coleman Hawkins, Ben Webster e outros produziram, ficou definida a ambiência em que o projecto se desenvolveria.

Enquanto o projecto crescia e com o intuito de acompanhar a mostra, elaborei um texto [que viria a ser publicado no programa mensal do Bartô] em que explicava os comos e porquês do que era dado ser visto e não… lido

Tudo isto porque, quando no início do mesmo, ao falar, descrever e mostrar este projecto, aquilo que para mim era evidente, não foi completamente entendido. Ou não me soube fazer entender ou o objectivo não terá sido alcançado…

Fui dizendo que este não é propriamente, ou pelo menos não é somente um trabalho fotográfico, porque as imagens que o constituem são mais desenhos de luz e sombra do que outra coisa.

Também não me propus ensaiar visitas guiadas com recurso a retóricas do género “reparem como a curvatura do instrumento acentua a sinuosa forma…” Mal estariam as imagens se não falassem por si!

As tais imagens – fotografadas que são afinal desenhos de luz e sombra são acompanhadas das respectivas tiras de contacto intervencionadas, as quais completam e evidenciam a escolha das imagens e o seu suporte analógico.

As tiras de contacto foram assinaladas, rasuradas, cobertas, riscadas com esmalte sintético e depois coladas, rasgadas, justapostas, sobrepostas, numa intervenção onde o gesto está presente, tornando-as, nestes moldes, irrepetíveis.



Tendo como ponto de partida as imagens fotográficas, apresento também desenhos que as recriam sob o mesmo [pretendido] conceito: confinar as imagens à sua essência de luz e sombra, depurando-as do acessório, mas dando em contraponto, natural relevo ao instrumento referencial deste projecto.



Resta-me acrescentar o agradecimento especial ao Pedro Barros do Bartô pelo convite que me fez para expor naquele espaço, ao staff do Chapitô pela colaboração e aos músicos actuantes na noite da inauguração – Rodrigo Amado, Alípio Carvalho e Bruno Parrinha – que entre a contenção e a deflagração, fizeram desta uma festa, uma verdadeira celebração "saxual".

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