"Faço-lhe notar que um ser humano que não sonha é como um corpo que não transpira: armazena uma porção de toxinas"
Truman Capote

9.17.2011

Os meus livros | 1


Arrumar livros é uma festa, um drama, um fascínio, um horror, uma delícia, um tormento…

Ordenar livros de uma “quase” biblioteca tem que se lhe diga. Também por isso, mas não só, digo “quase” biblioteca porque não sei quantos livros são necessários para se constituir uma.

Se nos ativermos ao que Borges, Eco ou Manguel referem quando falam de bibliotecas, o meu “raquítico” montículo de livros dificilmente poderá ser classificado como tal.

Que designação atribuir então ao agregado de livros que possuo, disseminados por estantes, mas também por outras peças de mobiliário menos adequadas à situação, nomeadamente o chão, que não sendo uma peça de mobiliário, não raras vezes cumpre a função? Seja lá como for, com ou sem nomeação apropriada, necessito que o meu conglomerado de livros seja arrumado, ordenado e que acima de tudo seja considerado um método que obste à confusão que ciclicamente se vê instalada.

Os meus livros, têm por vezes comportamentos bizarros… como que animados de vida própria, entram num processo auto-gestionário e agrupam-se, organizam-se entre si, mostram-se ou escondem-se conforme os humores que os possuem, daí por vezes tê-los aos pares!?!

Sobre este assunto, ainda voltarei a falar.

Tenho sempre enormes hesitações no momento de os arrumar. Conheço quem os arrume de uma forma com tanto de tecnocrática quanto de eficaz. Reconheço as virtudes do sistema, mas não sou capaz. A ordem alfabética não me satisfaz.

Então por géneros… não sei, mas ainda assim…, romance, poesia, ensaio, filosofia e por aí. Mas existe uma enorme porosidade nestas fronteiras ao ponto de comprometer a eficácia da distinção, acabando eu por retornar sempre a primitiva distribuição, a qual não é sistemática, sequer eficaz, num misto de organização disciplinar e proximidade afectiva que é afinal aquela que mais me cativa, pese embora o facto de a curto prazo gerar uma balbúrdia tremenda.

Tal “método”, não tem nada de científico, não é sequer prático e muito menos eficiente, mas é aquele que afinal me deixa contente!