"Faço-lhe notar que um ser humano que não sonha é como um corpo que não transpira: armazena uma porção de toxinas"
Truman Capote

10.22.2011

Hoje

Inauguração dia 22 de Outubro às 17h30

ARTISTAS de Set - Dez 2011

Ana Nabais

Pintura

Ana Neves Guerreiro

Pintura

Carlos Carvalho

Pintura / Fotografia

Catarina Sobral

Ilustração

Diogo deCalle

Desenho/ilustração

Jorge Reis

Livro de Autor

Karolyn Morovati

Pintura

Pedro Aires

Pintura

Raquel M. Rodrigues

Pintura

Rui Tavares

Pintura

Susana Chasse

Pintura

10.17.2011

uns olham, outros esperam; alguns caminham

Sentados algures, apoiados nas paredes ou recolhidos nos umbrais, observamos atentamente os que vão, os que vêm e também os que apenas estão, que pensam seguramente noutra coisa enquanto nós pensamos neles.

Cruzamos olhares, interessamo-nos. Algumas vezes – muito raramente – acercamo-nos, ingressamos na multidão e encetamos um passeio sem desígnio, discretamente, para melhor observar: fazemos parte, mas não nos misturamos.

Evitando ser notados, seguimos uns e esquecemos outros, ignorando os seus objectivos e propósitos – sequer se os têm – como aliás ignoramos tudo o resto. Nada do que fazem, dos gestos que esboçam, da direcção que tomam, nos deixa perceber as suas motivações. Contudo, atribuímos-lhes uma história, construímos-lhes vidas

Entre os que olham e os que esperam, alguns caminham. Dirigem-se a que lugar, vindos de onde? E os que esperam? Esperam o quê ou a quem? E os que olham? Olham para onde, olham para quem? Assim desafiados, seguimos os que caminham, esperamos com os que esperam, perscrutamos os que olham, sem que em momento algum saibamos para onde vão, o que esperam ou o que observam.

Apesar disso, temos prazer em vê-los sem que dêem por nós, sem que nos vejam.

10.09.2011

Os meus livros | 3

Tenho dúvidas que os livros que julgamos que nos pertencem sejam efectivamente nossos.

Sem pretender abordar a questão da posse em geral, questão demasiado vasta e complexa para ser tratada de forma ligeira e despreocupada.

Fico-me pelos livros, cuja posse, como outras, é uma questão transitória e o mais das vezes também ilusória. Os livros, salvo descuidos, acidentes ou destruições deliberadas, sobrevivem aos seus proprietários. Ou seja, tomamos conta deles – bem ou mal – até que sejam “passados” a outros.

Não fora assim e os alfarrabistas não existiriam!

Frequento alfarrabistas desde que me lembro. Gosto de adquirir livros com “história”, viajados, manuseados, vividos. Livros que já pertenceram a alguém, que estiveram noutros lugares e que agora, provisoriamente, estão comigo. Qualquer dia, vão-se como se foram muitos outros. Emprestados, esquecidos, desviados, andarão por aí.

Já me desapareceram (e reapareceram) livros. Também me desfiz de alguns, como também houve quem me desfizesse de uns quantos…

Não faço disso um acontecimento, como nunca fiz listas de empréstimos. Confio.

Vem tudo isto a propósito de uma aquisição recente (em alfarrabista, claro) de um livro que tinha no frontispício o ex-libris que acima se reproduz.

Um ex-libris, como se sabe, atesta que tal livro é pertença de quem lhe apôs o dito. Prova de propriedade ou elemento dissuasor, este é tão ou mais interessante por trazer consigo um aforismo cuja eficácia desconheço, mas reconheço ao seu autor, um enorme sentido de posse e também de refinado humor.