"Faço-lhe notar que um ser humano que não sonha é como um corpo que não transpira: armazena uma porção de toxinas"
Truman Capote

3.20.2006

Algumas Linhas

Existem vários tipos de linha. Umas mais interessantes, outras nem por isso.
Mas existem e fazem-se notar ou sentir despudoradamente, intervindo de forma a orientar, enquadrar, cercear.

São, o mais das vezes muito concretas e definidas, podendo contudo ser imponderáveis ao ponto de colocar em dúvida a sua existência.

De forma perfeitamente aleatória, podem referir-se a linha de contorno, a linha de pensamento, as (simpáticas) linhas dos eléctricos, a linha de sombra (de que falava Conrad) as linhas de bordar e coser, a linha do horizonte (quanto esforço para a empurrar cada vez mais para além…), a linha do futuro, a linha de fronteira (Não!)…

Mas uma linha a merecer uma reflexão mais prolongada, é aquela que quer pela sua fluidez quer pela sua elasticidade permite que se façam juízos de valor, se assimile ou rejeite, se absorva ou se condene em atenção a ela.

É a linha de separação entre o que pode ou não ser socialmente aceite.


A que estabelece ou define o que são comportamentos desviantes, subversivos ou chocantes em oposição aos comportamentos integrados, absorvidos, conformados.

Sem dúvida que a linha de artista é tudo isso e mais ainda a que proclama que o que está para aquém ou para além dela pertence ou não ao mundo da arte.

(20 de Março de 2005)

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